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Congresso pode ter que dividir emendas ou mudar Constituição para ampliar número de deputados

Congresso pode ter que dividir emendas ou mudar Constituição para ampliar número de deputados

Projeto aprovado pela Câmara eleva de 513 para 531 cadeiras e deve ser votado no Senado nesta quarta

Caso o Congresso aprove a criação de 18 novas cadeiras na Câmara dos Deputados a partir das eleições de 2026, os parlamentares terão de enfrentar uma encruzilhada orçamentária: ou repartem entre mais deputados o atual volume de emendas individuais — limitado a 2% da receita corrente líquida —, ou apresentam uma nova PEC para elevar esse teto. A Constituição reserva hoje 1,55% dessa fatia aos deputados e 0,45% aos senadores.

O valor atual destinado às emendas no Orçamento de 2025 soma R$ 59 bilhões, dos quais R$ 25 bilhões são exclusivos para emendas individuais. Segundo o pesquisador Pedro Marin, da USP, se o teto for mantido, cada novo deputado implicará na redistribuição do “mesmo bolo”, reduzindo a cota individual dos parlamentares.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) avalia como realista a possibilidade de uma nova proposta de emenda à Constituição. “Eu não duvido fazerem uma nova PEC”, afirmou. No entanto, ela alerta para um impacto fiscal maior do que os R$ 65 milhões anuais estimados pela Câmara, mencionando inclusive o possível efeito cascata nas Assembleias Legislativas dos estados, cuja composição é atrelada ao número de representantes federais.

A proposta foi articulada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e relatada por seu conterrâneo Damião Feliciano (União Brasil-PB), que evitou retirar cadeiras de estados que, segundo o novo Censo do IBGE de 2022, perderiam representação. Assim, nove estados ganhariam deputados, e nenhum perderia: Pará e Santa Catarina (4); Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Norte (2); e Goiás, Ceará, Paraná e Minas Gerais (1).

A medida foi aprovada pela Câmara no fim de maio em votação apressada — 270 votos a favor e 207 contra — logo após aprovação de urgência. No Senado, a urgência também foi aprovada na semana passada. Para ser aprovada, a proposta precisa do voto favorável de ao menos 41 dos 81 senadores.

Apesar de o relator afirmar que os custos seriam absorvidos pelo atual orçamento, parte dos senadores já sinalizou voto contrário, temendo aumento de despesas e impopularidade da medida. Segundo o Datafolha, 76% dos brasileiros são contra a ampliação do número de deputados.

Especialistas como a cientista política Lara Mesquita, da FGV, alertam para outro problema: a manutenção de distorções na representação entre estados. “Pelos dados mais atuais da população, o Rio de Janeiro, por exemplo, teria que perder quatro deputados, mas não está perdendo nenhum”, explicou. “Proporcionalmente, o estado será beneficiado, tanto na votação quanto na distribuição de emendas.”

O STF determinou que o Congresso atualize a distribuição das vagas até o dia 30 de junho. Se isso não ocorrer, caberá ao TSE fazer a readequação de acordo com o Censo 2022, sem necessariamente aumentar o número total de deputados.

A imagem mostra o plenário da Câmara dos Deputados do Brasil, com um layout circular e várias cadeiras dispostas em fileiras. Algumas pessoas estão presentes no local, e ao fundo há painéis eletrônicos exibindo informações. O ambiente é bem iluminado e moderno, com paredes de madeira e uma estrutura arquitetônica distinta. Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional – Marcos Oliveira – 13.mar.25/Agência Senado

Com informações Agenda do Poder

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